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quarta-feira, julho 18, 2007

Amor a prazo

Ao mesmo tempo, existe o prazer de curtir o que a gente divide com a outra pessoa, as coisas materiais, físicas, os sabores, a eterna discussão acerca dos gostos. Quando deixamos alguém chegar perto, nos tocar, nos conhecer com seus modos numa espécie de realidade quase agressiva ao conforto de nossa certeza ingênua, parece fazer sentido amar, se entregar, repartir.

Daí, não fica mais em evidência o motivo, a possível segunda intenção, mas sim a pureza da vontade, o desejo da união platonicamente real. Os objetos passam a lembrar o outro de forma carinhosa, representando a falta e o bem que aquela presença faz.

O amor é tão idealizado, escondido e impossível porque na verdade a gente não quer que ele aconteça. Tem medo do que não tem mais saída, do compromisso de construir algo com a outra pessoa, de tomar uma decisão. É bem mais simples do que se imagina.

A vida é um drama, cheia de papéis variados. Os confiantes, os deprimidos, os artistas, os céticos. Essa distância entre o que pensamos e fazemos é que nos diferencia. A beleza está nos defeitos. E a felicidade é uma grande amiga da percepção.